Tenho acompanhado alguns blogs no G1. Dentre eles, o do Paulo Coelho. Independentemente da misticidade e possíveis metáforas excessivas de seus escritos, considero bastante pertinente e sensata a maioria de suas colocações. Resolvi transcrever aqui o texto que ele publicou hoje.
O sentido da verdade
Em nome da “verdade”, a raça humana cometeu seus piores crimes. Homens e mulheres foram queimados, a cultura de civilizações inteiras foi destruída, os que cometiam os pecados da carne eram mantidos a distância, os que procuravam um caminho diferente eram marginalizados.
Um deles, em nome da “verdade”, terminou crucificado. Mas – antes de morrer – deixou a grande definição da “verdade”.
Não é o que nos dá certezas. Não é o que nos dá profundidade. Não é o que nos faz melhor que os outros. Não é o que nos mantém na prisão dos preconceitos. A verdade é o que nos faz livres.
“Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”, disse Ele.
(http://g1.globo.com/platb/
A escolha desse texto não se deu ao acaso. Ela vem de encontro aos meus pensamentos e sentimentos em relação a um conjunto de acontecimentos polêmicos que têm recheado a mídia, todos relacionados a um deputado federal do PP-RJ, e cujo estopim foi uma entrevista num programa de TV, exibido nas noites de segunda-feira.
Pretende-se, aqui, em vez de defender este ou aquele grupo, analisar o discurso dos envolvidos direta e indiretamente.
O deputado e a horda que o segue posicionam-se, com soberba, de maneira agressiva, ignorante, ilógica e discriminatória. A única diferença entre o "rei" e seu "súditos", é que o primeiro tenta se fazer eloquente, enquanto os demais apenas disparam preconceito (e não é a ignorância a mãe do preconceito?).
Não suficiente, argumentam de forma recriminatória.
E é exatamente neste ponto que eu queria chegar.
Pertinente explicitar, aqui, uma das definições de do verbo "recriminar": responder a uma acusação acusando também (Dicionário Michaelis, online).
Termo definido, qualquer espectador, ouvinte ou leitor mais atento é capaz, então, de captar, na maioria das declarações do deputado e de seus fãs, recriminação. Na minha modesta opinião, é assim que se perde uma discussão.
Lembro-me sempre de uma orientação que recebi de uma professora, ainda durante o ensino fundamental, sobre a construção de um texto dissertativo. A dica dela era bem simples: Nunca, jamais, sob nenhuma circunstância e em nenhuma hipótese, faça uso de argumentos religiosos para defender seu ponto de vista.
É claro que falando de seres humanos, não se pode ignorar completamente as crenças de cada um.
Todavia, é necessário ter cautela ao se posicionar numa discussão. E quando o objeto discutido são grupos de seres humanos, a cautela precisa ser, no mínimo, redobrada.
Qualquer argumentação que, no lugar de exclusivamente defender seus pontos de vista e as qualidades de seus defendidos, critica e acusa a(s) outra(s) parte(s), apontando suas "falhas", sobretudo de cunho religioso, presenteia-se com a autoderrota.
Termino reiterando o texto transcrito no início deste post. Em nome da "verdade" muitas atrocidades já foram cometidas.
“Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8:32)
Tua verdade te aprisiona, ou te liberta?
O que muitos perdem de vista é a dimensão política da verdade sobre a qual Cristo falava. Ele foi crucificado não simplesmente por pregar a respeito de um deus diferente do deus oficial, mas, sobretudo, por desafiar a ordem estabelecida do Império. Ele era um subversivo que ameaçava a estrutura social da época e por isso sua morte na cruz.
ResponderExcluirA verdade que liberta é, pois, uma verdade política. Se não liberta, e pelo contrário, aprisiona, como pode ser, então, essa verdade, uma verdade? A busca incessante do homem pela verdade se confunde com a história humana do desejo de liberdade.
O homem livre é um homem verdadeiro. Verdadeiro consigo mesmo, com seus desejos e com suas aspirações. Ele é pleno. E ainda estou nessa, de me encontrar e de ser sincero comigo, mas um dia eu chego lá!
"Em vez de amor, dinheiro, fé, fama... me dê a verdade." (Henry Thoreau)
A verdade me liberta completamente. Bjs Lily
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