sexta-feira, 29 de abril de 2011

Bom dia, sorriso e mão gelada

- Oi, bom dia! - falou, sorrindo e estendendo-me a mão direita gelada.

Retribuí o cumprimento com um sorriso um tanto menor que o dele, que pareceu menos sincero do que realmente era. Sempre ouvi que era um cara bacana, e mais tarde descobriria que estavam certos.

Foi a primeira vez, em seis meses, que ele me estendeu a mão. Já havíamos trocado alguns poucos olhares e 'bons dias', mas sempre à uma certa distância, imposta pela barreira de quem não tem intimidade nenhuma.

Hoje foi diferente. A barreira não existe mais. É o último dia dele. Neste momento, tanto fazem as aparências, as convenções, as regras, o politicamente correto. Trouxe até pães de queijo para todos!

Sei exatamente como ele se sente.
Hoje, ele só queria se despedir. E muito mais que isso, queria que se despedissem dele.

3 comentários:

  1. Mas que chato... Apenas no último dia que foi estender as mãos? Apesar de hoje ter feito um mero friozinho, creio que não tenha sido o motivo pelas mãos geladas.
    Bom... Pelo menos deu pães de queijo... haha!
    Texto sincero... Gosto disso.

    beijo.

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  2. Meio triste. Há sempre um paradigma existencial de ser gregário nessas coisas. Intimidade, individualidade, espaço...o alheio, afinal. Por outro lado, também sempre chegamos por essas bandas, não chegamos? A regiãozinha capciosa e privada das solidões interiores...

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  3. Ás vezes perdemos os melhores momentos de nossas vidas por causa da tal da timidez. E se por um segundo apenas conseguimos vencê-la, pode nos trazer sensações únicas e inesquecíveis. Isso me fez parar e pensar. Valeu Rica. Bjs Lily

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