terça-feira, 3 de maio de 2011

Debate: Universidade para todos?

Foi bastante providencial a reportagem do Fantástico anteontem, 01/05/11, sobre as irregularidades na concessão de bolsas do ProUni - Programa Universidade para todos do governo federal.

Mas vou tomar como exemplo uma reportagem do ano passado, também do Fantástico, que contém mais dados: http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,MUL1585378-15605,00.html, de 02/05/2010.

A mãe de uma das alunas recebia, na época, salário de R$ 2.900,00. Considerando que constituíam o núcleo familiar apenas a mãe e filha estudante de Medicina, a renda per capita era de R$ 1.450,00, bastante acima dos 765,00 exigidos até 2010 como requisito para conseguir o benefício.


Pergunto: é errado adulterar documentos para comprovar rendimentos menores que os reais? É ilegal adulterar informações para obter o benefício da bolsa integral do ProUni? Existe gente safada?
Claramente, a resposta para todas perguntas é 'sim'.

E meu objetivo não é justificar tais ações ilícitas, mas uma outra pergunta não sai da minha cabeça:

Como é que uma família, como a supracitada, com renda mensal de R$ 2.900,00 vai pagar a mensalidade de R$ 3.200,00 do curso de Medicina?
Além da mensalidade, será que mãe e filha conseguem passar seis anos sem comer, sem energia elétrica e sem água?

Mas a solução para o problema das duas era bem simples, só elas não perceberam: a mãe da aluna deveria pedir demissão e se mudar com a filha para um barraco em alguma favela. Assim, não teriam gastos com moradia. Energia elétrica e água seriam gratuitas graças a algumas gambiarras típicas desse formato de habitação. E as duas poderiam passar o mês comendo arroz ou feijão, e farinha, comprados com a bolsa permanência de R$ 300,00 concedida pelo MEC.
Jaleco, livros caros e outros materiais de estudo? Bobagem, a faculdade deve ter uma biblioteca, e que estudante de medicina precisa de um estetoscópio?

Uma outra aluna que perdeu o direito a bolsa na PUC-SP resume bem o que eu quero dizer:

"Eles não querem simplesmente que o aluno bata a renda, eles querem que o aluno seja miserável", diz.


E finalizo com mais um questionamento: não seria mais adequado (e mais justo) que o requisito da renda per capita fosse variável, de acordo com a mensalidade do curso pretendido?

2 comentários:

  1. Sinto muito, minha mãe recebe 1.000 reais por mês e moro com mais uma irmão, e vivo bem. O MEC não quer ninguém miserável. A proposta para o Prouni é auxiliar famílias com baixa renda em função da dificuldade de se pagar qualquer tipo de faculdade. E o governo teoricamente dá oportunidade a todos, digo teoricamente porque sempre tem algum malandrão pra burlar, usar o "jeitinho brasileiro" como a garota que você mencionou acima; a qual não precisa ser miserável para receber auxílio. Existem outros programas de assistência, como o FIES, a qual ela podia usar, e programas da própria instituição, dependendo da faculdade. Ela também poderia usar o ENEM ou prova de instituição para entrar em uma federal, onde não precisa ser carente para se cursar de graça.
    Dizer que não se pode cursar por isso ou aquilo é desculpa furada de quem busca apenas a via mais "fácil".
    Esta é a minha opinião sincera, de alguém que quase pegou uma bolsa em medicina em particular pelo Prouni, e que ficou sabendo que 1 das 2 vagas estava sendo usufruída por alguém com plenas condições de pagar.

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