sexta-feira, 13 de maio de 2011

Resposta para Lari (ProUni)

Lari, concordo em partes com vc. Concordo que é possível viver bem com uma renda mais baixa, como a que vc alegou que sua família tem. Concordo que a proposta do ProUni é auxiliar, justamente, essas famílias, com baixa renda. Concordo também que há espertinhos que fraudam o sistema, e não são poucos.
Sobre não precisar ser miserável para receber o benefício, bem, aqui não sei se concordo, acho que seria preciso definir algumas outras coisas mais complexas (mas é claro que usei miserável como uma hipérbole).
E vou usar mais um de seus exemplos. Pelo que entendi, vc quase conseguiu uma bolsa para cursar Medicina. Mesmo que vc usufrua ao máximo dos recursos da universidade, como biblioteca, por exemplo, em alguns momentos do curso vc precisaria (ou precisará) dispor de mais dinheiro para comprar um jaleco e um bom estetoscópio, só para citar alguns exemplos. Existem também alguns livros que é bem interessante que vc tenha. Esses materiais todos, principalmente esteto e livros, são bem caros. Fico imaginando como vc e sua família, cuja renda per capita é de aproximadamente R$ 333,00, vão ter que se desdobrar para arcar esses gastos que mencionei.
Fora que a bolsa do ProUni não paga moradia (caso vc precise morar fora de casa), não paga transporte (caso vc precise pegar ônibus até a faculdade), não paga seu almoço, caso vc precise passar o dia inteiro na faculdade... Pq convenhamos, mesmo que vc ainda consiga a bolsa permanência do MEC, de R$ 300/mês, não vejo como uma pessoa/família poderia se manter.

Meu irmão recebe bolsa integral de uma universidade aqui na minha cidade - não é uma bolsa do ProUni. Eu fui pré-selecionado para uma bolsa do ProUni na mesma universidade, e nem cheguei a ir apresentar os documentos, pois no meio do período meu irmão arrumou um estágio remunerado, e aí a renda da minha família já superaria o limite para concessão da bolsa.
O estágio pagava ao meu irmão, se não me engano, R$ 600,00, que divididos entre os membros da minha família, representariam um acréscimo de R$ 200 na renda per capita - o que me excluiu da elegibilidade do benefício.
E eu tenho que perguntar: de acordo com as regras do ProUni, antes do estágio do meu irmão, eu conseguiria a bolsa, o que significa que o programa entendia que minha família era carente. Depois do estágio, com mais R$ 600, minha família deixou de ser carente, mas como é que pagaríamos uma mensalidade de 4 mil reais, se nossa renda subiu só em 600?

Quero ratificar que não sou a favor dos fraudadores do sistema. Mas como disse, acredito que os critérios deveriam ser revistos e, talvez, se fossem variáveis de acordo com a mensalidade do curso, atingiriam um número maior de alunos interessados.
O que também preciso deixar claro é que não podemos misturar as bolas: uma coisa é a crítica que estou fazendo às regras do programa, da qual vc parece discordar. Até ai, sem problemas. Outra coisa, bem diferente, e que tenho certeza que concordamos, é com a (falta de) fiscalização do processo, que deveria ser efetiva, tendo em vista as vantagens que as instituições recebem para conceder as bolas e quantidade de alunos realmente carentes que perdem a oportunidade de serem beneficiados.

Um comentário:

  1. Olá! Fiquei muito agradecida por você ter me respondido...
    Li seu comentário e acho que entendi algumas partes do seu post anterior um pouco erroneamente.
    Concordo com você quando diz que o critério deveria variar conforme o valor do curso. Isso é meio utopia, mas seria bom se acontecesse né? :)
    O problema é o governo que provavelmente (preguiçoso) aumentaria igualmente a média para todos, e alunos de psicologia, por exemplo, uma matéria barata, seriam prejudicados por gente que pode pagar, aproveitando suas vagas, entre outros cursos.
    E não adianta discutir sobre médias se tem os burladores... O fantástico mostrava isso. Quem burla o sistema com o "jeitinho brasileiro".
    Não acho que vá conseguir comprar a maioria dos materiais do curso com uma bolsa do Prouni + bolsa permanência, e alimentação e tudo o mais, mas consegue-se dar um jeito sempre. Claro que o governo podia ajudar mais estudantes e menos políticos.
    Agora, acho que a pessoa com menos condições (mesmo que as duas não tenham) deveria ser a primeira favorecida - claro que sem diferenciação absurda na nota das duas.
    Sinto muito que você (como eu, mas por motivos diferentes) tenha perdido sua vaga. Gostaria (e acho que você também) que isso fosse reavaliado e replanejado... e controlado.
    Mas enfim, isso é um assunto meio polêmico e cheio de mas e poréns... é como discutir sobre cotas raciais, e sua necessidade ou não.
    Agradeço de novo pela atenção. É bom ter uma visão diferente da mesma situação.
    Sucesso!

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